Os dias em Memphis têm sido bons.
Esta é a nossa segunda semana e estou voluntariando no hospital metodista universitário.
Primeiro, foi o departamento de cuidados extensivos - para pessoas que ficam no hospital por mais tempo. Esta semana estou na emergência.
Meu trabalho é muito simples: pegar isto ou aquilo, orientar o paciente e dar informações, ajudar a alimentar aqueles que não conseguem sozinhos e etc.
Nunca gostei muito de ambiente hospitalar mas a experiência é válida.
Outro dia estava lendo sobre a importância de doar de si mesmo para as pessoas mais do que doar coisas.
Ainda sou nova, não saí dos vinte... ainda. Mas penso que se há um alvo que vou perseguir é o de conectar-me mais às pessoas. Investir em relacionamentos mais do que investir em carreira, sucesso, dinheiro. E quando digo relacionamentos não quero dizer que pretendo ter vários amigos e sim que vou cultivar aqueles que tenho e manter-me aberta para os novos. No caminho vou tentar aprender o máximo possível com cada pessoa que encontro, sejam os encontros breves ou longos. Afinal, a vida é feita da soma dos momentos que vivemos e pequenos instantes podem ter grande impacto sobre nós. Imagino sobre aqueles que tiveram a oportunidade de ter um encontro marcante com Jesus. Como a vida deles foi transformada por pequenos momentos! E por outro lado, os discípulos que estavam sempre com Jesus, devido a rotina do dia a dia, podem ter passado a menosprezar aqueles dias tão especiais.
Se somos feitos à imagem e semelhança de Deus, e eu creio que somos, então cada um carrega em si uma parte do sagrado. O enigma da vida é saber identificar esta parte em cada indivíduo e focalizar nela. Praticando a misericórdia, o perdão, orando pelos inimigos, sendo vulnerável a dor, doando tempo e recursos.
Há quem disse que alguém só pode encontrar-se a si mesmo no encontro com o outro. Em outras palavras, o próximo é o nosso espelho. Portanto, se perdemos o contato com o próximo deixamos de conhecer o nosso íntimo e vida torna-se vazia.
Vi hoje no noticiário como as pessoas estão respondendo à crise no Japão. Fiquei admirada com a organização: as pessoas mesmo famintas estavam calmamente aguardando na fila pela distribuição dos alimentos, respeitando uns aos outros. Não houve saques às lojas. Nos abrigos, vários desabrigados voluntariaramente estão cozinhando para os outros.
Fiquei pensando que uma tragédia pode trazer tanto o pior quanto o melhor das pessoas. Mas como traz esperança ver a solidariedade e amor reinando sobre o egoísmo e a catástrofe! A maior parte das imagens só mostra destruição, perigo de contaminação nuclear, morte. Mas quando os pequenos e grandes gestos de bondade são enfatizados, a esperança pode nascer!
"Melhor é serem dois do que um". Que possamos aprender a viver juntos neste mundo carente de amor!
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